21 de fevereiro de 2013

Concepção Homeopática do Processo Saúde e Doença


O Fenômeno Vital:
Segundo Hahnemann, a vida não pode ser revelada pelas leis físicas, que prevalecem somente pelas substâncias inorgânicas: “As substâncias materiais que compõem o nosso organismo não seguem, em suas combinações vitais, as leis às quais se submetem as substâncias na sua condição inanimada; elas são reguladas pelas leis peculiares à vitalidade”. O que a vida é, em sua essência, não é verificável pelo método científico. Ela só pode ser conhecida a partir de seus fenômenos e manifestações.
O modelo conceitual no qual a terapêutica homeopática se apóia é de origem vitalista. Somente quando aceitamos a noção de um princípio de causalidade para a vida, fora das dimensões físicas habituais, concordamos em considerá-lo um modelo para a Homeopatia. Apesar de a existência do princípio vital nunca ter sido provada, ou mesmo refutada, o modelo vitalista da Homeopatia apresenta-se coerente, pois por meio dele os clínicos obtêm excelentes resultados. Os modelos utilizados pela alopatia e pelaacupuntura também se apresentam coerentes. Entretanto, todos os modelos têm suas limitações. Por isso, quando surgem modelos mais bem elaborados, os antigos vão sendo substituídos ao longo do tempo.
Vitalismo é uma doutrina filosófica, segundo a qual os seres vivos possuem uma força particular que os mantém atuantes, o princípio ou força vital, distinta das propriedades físico-químicas do corpo.
Segundo o modelo filosófico homeopático, a condição do organismo depende apenas da saúde da vida que o anima. Assim, conclui-se que a doença consiste em uma condição alterada originalmente apenas nas sensibilidades e funções vitais, independentemente de toda consideração química ou mecânica, ou seja, a origem primária das doenças está na perturbação da força vital.


Força Vital:
Hahnemann interpreta a força vital como sendo a mantenedora do equilíbrio orgânico. Sob essa perspectiva, as doenças não são mais que manifestações deletérias da força vital modificada. Os microorganismos são apenas fatores necessários, mas não suficientes, para produzir doenças. Os fungos, por exemplo, não podem ser considerados como causa única da micose, visto que estão sempre presentes no organismo e a doença só se desenvolve quando outros fatores influenciam como temperatura, umidade, pH, stress, etc.
É a força vital que mantém o organismo em harmonia. Sem ela, o organismo não age, não sente e desintegra-se, sendo a força vital responsável pela integração dos diversos níveis dinâmicos da realidade humana (físico, emocional e mental).
O organismo humano no estado de saúde encontra-se em equilíbrio nos seus aspectos físico, emocional e mental. Quando a força vital é perturbada, os mecanismos de defesa do organismo são acionados (sobretudo os sistemas imune e endócrino). A força vital pode ser influenciada negativamente por fatores exógenos como ritmos de vida insalubres, alimentação de má qualidade, drogas, etc. e por fatores endógenos como tristeza, irritabilidade, ódio, etc.
A Homeopatia define saúde como um estado de equilíbrio dinâmico que abrange as realidades física e psicomental dos indivíduos em suas interações com o ambiente natural e social. A doença reflete, mediante os sintomas, o esforço da força vital na tentativa de restabelecer o equilíbrio.

Níveis Dinâmicos:
O ser humano apresenta três níveis dinâmicos identificáveis: o físico, o emocional e o mental. Sobre eles age a força vital mantendo-os equilibrados. O homem pensa por meio do seu nível mental, sente por seu nível emocional, age pelo seu nível físico e encontra-se coeso em seus três níveis pela ação integradora da força vital.
Existe uma hierarquia na constituição do ser humano: o nível mental é o mais importante e o físico o menos importante. Já o nível emocional é menos importante que o nível mental, porém, mais importante que o nível físico, existindo uma completa interação entre eles. Todavia, para o Homeopata é necessário distingui-los para avaliar a evolução da doença.
Cada nível também apresenta uma hierarquia. No nível físico, por exemplo, os órgãos respiratórios são mais importantes que a pele; no nível emocional uma irritabilidade é menos importante que uma depressão; no nível mental a falta de concentração ou uma letargia são muito menos importantes que um delírio ou uma paranóia.
Quando um órgão nobre é atingido por uma doença, a força vital transfere o problema para um nível mais periférico para aliviar a agressão. Na bronquite asmática, por exemplo, o paciente poderá alterar crises de tosse com eczema. A força vital, não sendo forte o suficiente para eliminar a bronquite, transfere o problema para a pele. Momentaneamente, a pele passa a ser a “válvula de escape”do organismo. Isso é muito freqüente nas doenças crônicas. Todavia, um indivíduo com pouca vitalidade, acometido de crise emocional prolongada, poderá ter uma piora no seu estado mental; uma angústia que virou depressão, por exemplo.
A pele é muito importante no contexto geral do organismo. Não devemos atuar com um medicamento de uso tópico de forma paliativa, pois assim criamos um enorme obstáculo à tentativa de cura patrocinada pela força vital. Ao remover a totalidade dos sintomas entes da cura do problema original (um estado de tristeza profunda, por exemplo), além de não curar, impedimos a identificação do simillimum.
A supressão decorre da ação medicamentosa paliativa, que irá acarretar inibição ou remoção de sintomas antes da cura do problema original, fazendo com que ocorra seu retorno ou de outros problemas mais graves depois de certo tempo.  
Chamamos de metástases mórbidas as perturbações causadas pela supressão, que ao eliminar os sintomas faz uma reversão da ação mórbida a níveis mais profundos e perigosos.
Por exemplo, ao eliminar uma diarréia com antiespasmódicos e antidiarreicos, tomando esse sintoma como doença, sem considerar os diferentes níveis dinâmicos (físico, emocional e mental), provavelmente faremos uma supressão. Esta  poderá gerar como metástase mórbida, uma úlcera gástrica ou outro problema mais grave que a diarréia.
Alguns médicos homeopatas utilizam antibióticos para diminuir a população bacteriana num combate direto à doença inflamatória. Em seguida, lançam mão dosimillimum para o tratamento do doente, ou seja, para equilibra-lo em seus três níveis, com o fortalecimento da força vital. Dessa forma, com o restabelecimento do equilíbrio dinâmico, fica difícil as bactérias invadirem a pele ou a mucosa. Neste exemplo, observamos como as terapêuticas homeopática e alopática podem, juntas, beneficiar o paciente.

Processo de Cura:
Na perspectiva homeopática, o clínico procura reforçar os mecanismos de defesa naturais ao agir na mesma direção da força vital, ou seja, o homeopata procura não suprimir sintomas.
Os pacientes atendidos pela homeopatia são analisados em função de suas respostas específicas, ou seja, de acordo com seus sintomas particulares e diferentemente da alopatia, não recebem medicamentos em função do nome da doença. É daí que vem a afirmativa um pouco exagerada que a “Homeopatia trata doentes e não doenças”.
Os homeopatas observam tendências dominantes que expressam os processos de cura das doenças crônicas. Elas foram sistematizadas por um discípulo de Hahnemann, Constantine Hering (1800 – 1880) que, após ter sido incumbido de escrever um trabalho contra a homeopatia, ao pesquisá-la, acabou tornando-se um dos maiores médicos homeopatas do século XIX. Elaborou diversos experimentos, até mesmo com veneno de cobra e afirmou que, à medida que a doença se torna crônica, existe uma progressão de sintomas e o desaparecimento desses sintomas, na ordem inversa do se aparecimento, indica que a doença está evoluindo para a cura (lei de Hering ou lei da cura).
Leis de cura:
- Os sintomas devem desaparecer na ordem inversa do seu aparecimento;
- A cura progride do alto do corpo para baixo;
- O corpo procura exteriorizar os sintomas, mantendo-os em suas partes mais exteriores (mucosas e pele);
A cura progride dos órgãos mais nobres para os menos nobres;
- Antigos sintomas podem reaparecer.
A constatação de uma dessas eventualidades ajuda o médico a conduzir o tratamento homeopático. Ele poderá suspender o medicamento ou até mesmo substituí-lo, dependendo da evolução do quadro.


Matéria Médica Homeopática e Repertório:
Após o levantamento dos sinais e sintomas, tem início a fase mais difícil da consulta médica homeopática: a identificação do simillimumPara tanto utilizam-se recursos como as matérias médicas homeopáticas e os repertórios.
A matéria médica homeopática é a obra que reúne as patogenesias desenvolvidas pelas drogas e pelos medicamentos homeopáticos quando administrados, nas suas diferentes doses, a indivíduos sadios e sensíveis.
A matéria médica homeopática caracteriza-se pela sua farmacodinâmica, por meio da experimentação fisiológica realizada no homem sadio. A farmacologia, a terapêutica, a toxicologia (acidental, voluntária, profissional e iatrogênica) e as toxicomanias também contribuem como fontes de sintomas para a matéria médica homeopática. Dentre as várias existentes, as mais citadas são: De Hahnemann, de Hering, de Allen, de Lathoud, de Vijnovsky e de Voisin.
Repertório é a obra que reúne os sinais e sintomas, seguidos pelas drogas e pelos medicamentos, em cuja experimentação no homem sadio eles se manifestam.
É uma compilação de todos os sintomas organizados em ordem alfabética, para agilizar a consulta médica. Nesse livro, os medicamentos que possuem determinados sintomas se agrupam sob a rubrica desse sintoma. É praticamente impossível para o clínico homeopata folhear todas as páginas das matérias médicas para descobrir osimillimum e por isso, foram elaboradas, por diversos autores, referências cruzadas que compilam os medicamentos em que determinado sintoma foi localizado, a fim de permitir que o clínico reveja rapidamente as diferentes drogas produtoras dos sintomas que estão sendo estudados.

Em um primeiro momento, o repertório auxilia o médico homeopata a encontrar rapidamente o medicamento, para em seguida, estudá-lo com mais detalhes na matéria médica, confirmando ou não a sua indicação para o paciente. Dentre os vários repertórios existente, os mais citados são: de Boenninghausen, de Kent, de Boericke e de Barthel.

Princípios e Fundamentos da Homeopatia




O médico Paracelso (Suíço) que também atuava no campo da alquimia, afirmou, que "o homem é um composto químico, cujas doenças são decorrentes das alterações desta estrutura, sendo necessários medicamentos para combater as enfermidades." 

Foi o início do uso de medicamentos para curar as enfermidades da época (séculos XVI e XVII).

Somente no século XVIII foram extraídas várias substâncias a partir de produtos naturais, além daquelas  anteriormente conhecidas (vinho, fermentação da uva e os produtos obtidos pela destilação de várias outras substâncias). Neste mesmo século - no ano de 1777-  a química foi dividida em duas partes de acordo com Torben Olof Bergmann: Química Orgânica que estudava os compostos obtidos diretamente dos seres vivos e a Química Inorgânica que estudava os compostos de origem mineral. Entretanto, o desenvolvimento da Química Orgânica era prejudicado pela crença de que, somente a partir dos organismos vivos - animais e vegetais - era possível extrair substâncias orgânicas. Tratava-se de uma teoria, conhecida pelo nome de "Teoria da Força Vital", formulada por Jöns Jacob Berzelius, que afirmava: a força vital é inerente da célula viva e  o homem não poderá criá-la em laboratório."

Segundo a concepção filosófica homeopática, a origem primária de qualquer doença está na perturbação da força vital, entendida como uma forma de energia primordial e fundamental responsável pela manutenção da vida e do equilíbrio orgânico. Portanto, a essência do desequilíbrio da saúde encontra-se num nível imaterial (energético) no qual interagem nossas forças psíquicas (pensamentos e sentimentos) e que retrata os fatores íntimos a que cada ser é susceptível. Para atuar nesta natureza imaterial do homem, a Homeopatia utiliza medicamentos em doses infinitesimais, preparados segundo o processo farmacotécnico da dinamização (diluições e agitações sucessivas), através do qual se busca a liberação dos poderes energéticos vitaiscontidos nas substâncias, respaldado no conceito universal de que "toda matéria é energia condensada". Desta forma, o medicamento homeopático desperta uma reação vital orgânica contrária aos sintomas do desequilíbrio vigente, funcionando como um direcionador do processo de cura interior. Acreditamos que caberá à Física, futuramente, a mensuração desta forma de energia sutil (energia ou força vital), assim como o fez no passado com a eletricidade, o magnetismo, as radiações, etc. 

FUNDAMENTOS DA HOMEOPATIA:
1) PRINCÍPIO DA SIMILITUDE (LEI DOS SEMELHANTES)
2) EXPERIMENTAÇÃO NO HOMEM SADIO
3)DOSES MÍNIMAS
4)REMÉDIO ÚNICO

Cada medicamento homeopático, experimentado no indivíduo sadio, provocou uma série de sintomas (mentais, gerais ou locais), que devem ser semelhantes aos sintomas do indivíduo enfermo, para conseguirmos trazê-lo ao estado de saúde. Em vista disso, torna-se indispensável o conhecimento dos sinais e sintomas objetivos e subjetivos do paciente, a fim de podermos encontrar o remédio que mais se lhe assemelhe. Disso denota o interesse do médico homeopata por particularidades individuais, que pode ser considerado estranho por quem não entenda o modelo homeopático. Daí a necessidade de um interrogatório profundo, no qual se busca a compreensão da totalidade sintomática característica do indivíduo, manifesta na forma de ser e reagir frente ao meio e às pessoas que o cercam. Tudo que diga respeito ao paciente exprime o estado de sua força vital, desde os conteúdos imaginários e fantásticos, passando pelos sonhos, sensações, sentimentos e pensamentos, até os gerais e físicos que o caracterizam. O homeopata espera que os sofrimentos físicos e morais sejam expressos de uma forma espontânea, sincera e detalhada, a fim de que num clima de compreensão recíproca entre médico e paciente possa-se desenvolver o trabalho de equipe na busca do medicamento correto. Para isso, torna-se fundamental ao paciente e aos que o acompanham, a observação constante do seu modo de pensar, sentir e agir, procurando entender as causas profundas que o fizeram adoecer e renovando em si mesmo o diálogo interior na prática do ensinamento grego: "Conheça-te a si mesmo". Devemos frisar que o entendimento íntimo do ser humano é um trabalho árduo e que deve ser adquirido gradativamente, segundo o esforço que cada um empregue nesta tarefa de auto-análise, estando neste conteúdo de conflitos, de modo geral, o fator desencadeante para a instalação de grande parte das enfermidades. Em vista deste grau de complexidade do ser humano (equilíbrio bio-psico-sócio-espiritual), que deve direcionar a escolha do medicamento homeopático individualizante, o tratamento pode ser mais ou menos demorado, considerando-se também a gravidade e a duração da enfermidade.
Para os sintomas locais ou físicos, com os quais estamos mais familiarizados, devemos observar todas as particularidades que os tornam característicos a cada indivíduo (modalizações): tipo de dor ou sensação; localização e irradiação; época e hora de surgimento; fatores de melhora ou piora; sintomas ou sensações concomitantes; etc.
Quanto aos sintomas gerais, que representam as características generalizantes do organismo ou que se relacionam aos vários sintomas, melhorando ou agravando-os, devemos valorizar as seguintes modalidades: posições ou movimentos; temperatura, clima ou estação do ano; condições atmosféricas e do tempo; comidas e bebidas; transpiração, eliminações, evacuações; etc. 
A grande importância dada por Hahnemann aos sintomas mentais, ou seja, às características relacionadas ao pensar e ao sentir, ao caráter e à moral, mostra a compreensão ampla que ele tinha das doenças, por abordar um tema que só agora começa a ser aceito pela Medicina (psicossomática). São estes os sintomas mais difíceis de serem relatados, por constituírem um plano mais importante da individualidade e por delatarem nossas limitações e fraquezas, que por defesa, buscamos esconder a todo custo. Na escolha do medicamento, a Homeopatia Unicista tenta abranger com um único remédio a totalidade característica dos sintomas, buscando na compreensão íntima do indivíduo as suscetibilidades que o fazem adoecer. Importa frisarmos que a Homeopatia não é inócua, podendo causar sérios danos ao organismo quando mal empregada, devendo-se evitar a medicação abusiva e sem critérios precisos.
É de fundamental importância que se observe o aparecimento de qualquer mudança significativa após a ingesta do medicamento, em todos os níveis, anotando suas características particulares, época de surgimento, duração, intensidade, etc. Podem ocorrer reações de agravação, retorno de sintomas antigos, episódios febris benignos, reações de eliminação (através da pele, das secreções ou por vias naturais), indicando que o organismo está se empenhando em encontrar o seu equilíbrio e por isto, devem ser respeitadas. Geralmente, estas reações são breves e acompanhadas de uma melhora geral do quadro. O surgimento de sintomas novos incomodativos, que antes não existiam, além das agravações muito intensas e prolongadas, deverão ser comunicados ao médico.
Com estes esclarecimentos, desejamos auxiliar na compreensão de aspectos básicos aos que buscam auxílio na Homeopatia, familiarizando-os com conceitos e condutas diversas do modelo terapêutico convencional. Lembremos que a cura não significa o desaparecimento deste ou daquele sintoma em si; ela requer que o doente tenha atingido um ótimo estado de equilíbrio físico, emocional e psíquico: "No estado de saúde, a força vital imaterial, que dinamicamente anima o corpo material, reina com poder ilimitado e mantém todas as suas partes em admirável atividade harmônica, nas suas sensações e funções, de maneira que o espírito dotado de razão que reside em nós possa livremente dispor desse instrumento vivo e são para atender aos mais altos fins de nossa existência." (HAHNEMANN, Organon, § 9).Denomina-se patogenesia o conjunto de sinais e sintomas que uma substância provoca no indivíduo são, quando a ele é ministrada em doses sub-tóxicas e dinamizadas.

Hahnemann se preocupava com a intensidade das reações iniciais que uma droga provocava ao ser ingerida. Estas, dependendo da natureza do paciente, poderiam ser muito violentas. No início de sua carreira como homeopata, ele não utilizava as doses diluídas e potencializadas pela dinamização. Empregava doses elevadas do medicamento, geralmente na forma de tintura e assim, antes que o organismo doente começasse a reagir, ocorria uma agravação inicial dos sintomas pelo somatório dos naturais provocados pela doença com os artificiais provocados pelo medicamento. Isso era muito desagradável para o paciente, levando muitos deles a abandonar a terapêutica homeopática.
A princípio, empregou doses pequenas, diluindo os medicamentos em água ou álcool de acordo com determinadas proporções e observou que se o medicamento não era forte o suficiente para produzir a agravação dos sintomas, não era capaz de promover satisfatoriamente a reação orgânica. Como os resultados não foram os esperados, continuou os experimentos e além de diluir os medicamentos, passou a imprimir agitações violentas, chamadas por ele de sucussões. Hahnemann notou que além da diminuição da agravação dos sintomas e dos efeitos tóxicos das altas doses, ocorria um aumento da reação orgânica e quanto mais diluído, mais potente o medicamento. Certamente os conhecimentos que tinha de alquimia, da essência dessas substâncias, contribuíram muito para que chegasse a esses resultados. Todavia, nunca forneceu os detalhes de como descobriu o processo de dinamização.
A partir daí, Hahnemann passou a utilizar diluições infinitesimais e potencializadas pelas fortes agitações que imprimia na manipulação dos medicamentos homeopáticos e chamou esse processo farmacotécnico de dinamizações (promovem curas mais rápidas e suaves). A diluição do insumo ativo, sempre intercalada pelas sucussões, obedece a uma progressão geométrica, promovendo uma diminuição de sua concentração química e umaumento de sua ação dinâmica, que estimula a reação do organismo na direção da cura.
Cientistas observaram que até 67 sucussões há transferências eletrofísicas entre as soluções e depois disso, se tornam estáveis. O que ocorre na dinamização é que com as sucussões é liberado o campo vibracional da substância que tem correlação com campos vibracionais dos seres vivos (é isso que faz com substâncias tóxicas e inertes se transformem em grandes medicamentos). Isso é a Força Vital, ou seja, é esse “campo vibratório” despertado.

Durante a experimentação patogenésica testa-se apenas uma droga por vez, obtendo por meio desse procedimento as características farmacodinâmicas da substância testada. Não se experimentam várias drogas ao mesmo tempo, por ser mais racional e para impedir as interações entre os diferentes medicamentos. Hahnemann só mudava a prescrição se o quadro sintomático sofresse uma alteração e depois que o primeiro medicamento administrado já não atuava no organismo doente.
O clínico homeopata procura sempre que possível individualizar o quadro sintomático do paciente para encontrar o seu simillimum. O remédio único constitui um dos fundamentos mais importantes da Homeopatia sob o ponto de vista médico-científico e o mais difícil de ser realizado na prática, pois exige do clínico conhecimentos bastante profundos da matéria médica homeopática.


ESCOLAS HOMEOPÁTICAS

Vários motivos levaram ao surgimento de diferentes escolas homeopáticas: a complexidade da doença observada, a imprecisão dos sintomas, o desconhecimento dos princípios homeopáticos, o processo de industrialização do medicamento homeopático, a inexistência de patogenesias capazes de cobrir a totalidade dos sintomas observados no doente, a necessidade do estudo constante e a experiência clínica particular de alguns homeopatas. As principais escolas homeopáticas são o unicismo, o pluralismo, o complexismo e o organicismo.

No UNICISMO o clínico prescreve um único medicamento, à maneira de Hahnemann, com base na totalidade dos sintomas do doente (simillimum).
Exemplo de receita unicista:
Sepia 12CH
Pingar 10 gotas diretamente na boca, 2 vezes ao dia

Existe uma variante do unicismo Hahnemanniano, o Kentismo. Os seguidores de James Tyler Kent (1849-1916), médico norte-americano, responsável por realizar experiências com altíssimas potências, além do remédio único, utilizam uma única dose, geralmente em potências superiores à 1.000FC (milésima potência preparada por aparelho de fluxo contínuo).
Exemplo de receita Kentiana:
Phosphorus 10.000FC líquida
Tomar todo o conteúdo do frasco, de uma só vez, em jejum.


No COMPLEXISMOo clínico prescreve dois ou mais medicamentos para serem administrados simultaneamente ao paciente.
Exemplo de receita complexista:
Hydrastis canadensis 6CH, 20ml, 1 frasco
Hepar sulphur 6CH, 20ml, i frasco
Kalium bichromicum 6CH, 20ml,1 frasco
Pingar 5 gotas de cada um dos medicamentos, diretamente na boca, de 2 em 2 horas.


Outro exemplo:
Eupatorium 5CH      

Bryonia alba 6CH         aa  qsp  30ml
Allium cepa 6CH
Tomar 5 gotas 4 vezes ao dia

No complexismo industrial existem formulações farmacêuticas pré-elaboradas com associações medicamentosas afins, ou seja, que englobam um grande número de sintomas relacionados a certa doença. São os chamados complexos ou específicos homeopáticos que têm por objetivo tratar enfermidades específicas (gripe, sinusite, cistite, abcessos, etc), sem considerar a individualidade e a integridade orgânicas. Na maioria das vezes proporcionam efeito meramente paliativo. Os compostos alopatizam a Homeopatia, tratam das doenças e não dos doentes e neste caso, a lei dos semelhantes é ignorada. Entretanto, por meio deles, as populações carentes e distantes dos grandes centros têm a possibilidade de serem tratadas com medicamentos homeopáticos, mesmo sem a presença do médico e farmacêuticos homeopatas. Os complexos industrializados recebem nome de fantasia, devendo ser registrados no Ministério da Saúde.

No ORGANICISMOo clínico prescreve o medicamento visando aos órgãos doentes, considerando as queixas mais imediatas do paciente. Essa conduta é bastante próxima da medicina alopática, que fragmenta o ser humano em órgãos e sistemas. Numa visão organicista o clínico fixa-se apenas no problema local, não levando em conta os sintomas emocionais e mentais, que podem estar relacionados ao problema.
Exemplo de receita organicista para um caso de urticária:
Urtica urens 6CH, 20ml, 1 frasco
5 gotas de hora em hora

Existem na Homeopatia os profissionais ortodoxos, são radicais que não admitem o emprego de outros recursos terapêuticos além dos medicamentos homeopáticos e os ecléticos, que os prescrevem combinados com outras práticas terapêuticas (acupuntura, medicamentos alopáticos e fitoterápicos, etc.). Cabe ao clínico ter uma vasto conhecimento das diferentes escolas médicas e sistemas terapêuticos para, com sabedoria, sem fanatismos ou radicalismos, buscar o “remédio” mais adequado ao paciente.



História da Homeopatia


As primeiras tentativas de criar uma teoria racional sobre a saúde e a doença aconteceram na Grécia, com Hipócrates (468 a.C. – 377 a.C.), considerado o pai da medicina, responsável pelo estabelecimento de uma atividade médica apoiada no conhecimento experimental, desvinculada da religião, da magia e da superstição.
Para Hipócrates, a terapêutica tinha por base o poder curativo da natureza e as doenças deviam ser interpretadas considerando-se o quadro particular de cada indivíduo. Ele entendia a doença como a perturbação do equilíbrio, o qual mantinha o ser humano em harmoniaconsigo mesmo e com a natureza. Nesse sentido, havia uma indistinção entre a mente, o corpo e o cosmos, numa visão sintética do ser humano em suas relações com o meio ambiente. Demonstrou que os sintomas são reações do organismo à enfermidade, que o trabalho dos médicos era ajudar as forças defensivas naturais orgânicas. Criou os padrões éticos da medicina e estabeleceu as providências do diagnóstico, do prognóstico e da terapêutica, que até hoje são determinantes na prática médica.
A Homeopatia se alicerça na seguinte máxima anunciada por Hipócrates: “A doença é produzida pelos semelhantes e pelos semelhantes o paciente retorna à saúde”. Como exemplo, afirmou que as próprias substâncias que causavam tossediarréia e provocavam o vômito, curavam doenças que apresentavam sintomas semelhantes, desde que utilizada em doses menores. Nas obras atribuídas a Hipócrates e seus predecessores, encontramos em vários trechos referências à assertiva similia similibus curantur, ou seja, o semelhante será curado pelo semelhante, embora a norma geral na terapêutica adotada naquela época fosse contraria contrariis curantur, o contrário será curado pelo contrário.
Embora tenha relatado o fenômeno da semelhança e observado a inversão da ação de uma mesma droga de acordo com a dose, Hipócrates não aprofundou seus estudos do princípio da similitude. Coube a Hahnemann demonstrá-lo quimicamente e firmá-lo como método terapêutico, bem como dotá-lo de uma farmacotécnica própria.


Christian Friederich Samuel Hahnemann

Nasceu em 10 de abril de 1755, na Saxônia, à leste da atual Alemanha. Com 15 anos seu pai o mandou para Leipzig como aprendiz de loja de um comerciante. Voltou para Meissen rogando aos pais a continuação de seus estudos, que não tinham condições financeirasmas acabaram cedendo, pois os professores da escola principesca Santa Afra ofereceram-lhe estudo grátis por 4 anos onde aprendeu a falar e ler, além do alemão, em inglês, francês, espanhol, latim, árabe, grego, hebreu, caldeu.
Aos 20 anos, Hahnemann saiu de Meissen voltando para Leipzig como estudante de medicina na Universidade local. Devido às suas dificuldades financeiras deu aulas de línguas à noite e traduzindo obras estrangeiras, viajou para Viena para continuar seus estudos, onde desfrutou da proteção pessoal de um médico importante, Dr. Quarin, tornando-se médico em 1779, aprofundando-se em química e na preparação de medicamentos.
Os estudos químicos lhe davam tanta satisfação quanto à prática da medicina lhe decepcionava pelo fato da terapêutica alopática ser “confusa, insegura, suposta e muitas vezes contraditória”. Abandonou a medicina para dedicar-se à química e literatura.
Começou a traduzir a matéria médica, do inglês para o alemão, do Dr. William Cullenque ao analisar os efeitos da China officinalis (Quina – quinino), apresentava muitas teorias e aspectos confusos na eficácia do remédio na febre intermitente, principalmente em atribuir a eficiência terapêutica da droga ao seu efeito tônico sobre o estômago do paciente acometido pela malária. Não concordando com essa hipótese, foi então que Hahnemann resolveu experimentar em si mesmo os efeitos da quina, ou seja, testar a droga numa pessoa sadia. Tomou durante vários dias altas doses de quinina e começou a sentir os sintomas de um estado “febril intermitente”, idêntico às febres curadas pela quinina. Hahnemann faz uma descoberta curiosa: a administração de um medicamento semelhante pode provocar um agravamento do estado do paciente, seguido de sua melhora. Ele conclui que os sintomas provocados pelo medicamento se juntam àqueles decorrentes da doença antes de o corpo reagir contra esse conjunto, e por isso as doses devem ser diminuídas para evitar intoxicações.É assim que ele testa com sucesso as dosagens cada vez menores, que chamamos hoje em diade “infinitesimais” e que ele classificou na época como “imateriais”. Por outro lado, suaspesquisas põem em evidência um fato ainda hoje sem explicação: quando os medicamentossão simplesmente diluídos, são pouco operantes; quando eles são agitados energicamente a cada diluição, se tornam eficazes. É por isso que Hahnemann não fala em diluição e sim em “dinamização”.
Daí ressurgiu o conceito da cura pela semelhança (Similia Similibus Curantur). Seus opositores não aceitavam que ele fosse o fundador da homeopatia, visto que Hipócrates, Paracelso e outros já haviam firmado os princípios do conhecimento da lei dos semelhantes e a idéia de experimentação em indivíduos sãos já havia sido realizada e considerada extraordinariamente importante por Albrecht von Haller e Stahl, além de outros.
Passou a experimentar em si mesmo drogas como o mercúrio, a Belladona e o Digital e confirmou que “os mesmos efeitos eram produzidos em todas as experimentações do mesmo medicamento”. Descreveu assim o princípio universal da Cura pelos Semelhantes, onde expôs também suas concepções gerais de vida, de saúde e da doença sob a epígrafe “Aude Sapere” (a Força Vital).
Em 1799 houve uma epidemia de escarlatina (doença infecciosa aguda, caracterizada por agina e exantema de pequenas máculas confluentes) e, ao contrário da medicina alopática, Hahnemann obteve ótimos resultados com as experimentações de Belladona. Passou a tratar e curar com a sua “Medicina Milagrosa”  vários enfermos das proximidades onde residia e clinicava. Devido a isto, seus colegas médicos amarguraram sua vida com acusações e humilhações, obrigando-o a abandonar a cidade. Este fato acabou se repetindo por várias vezes, apesar de salvar tantas vidas.
Em 1819 publicou o “Organon da Arte de Curar”, em Torgau. Esta obra teve cinco edições durante a vida do autor e uma sexta que deixou preparada, tendo sida traduzida em 10 idiomas. A seguir, iniciou a publicação da “Matéria Médica Pura” e finalmente, “Tratado das Doenças Crônicas”.
Em 1830 morre sua esposa, 4 de suas filhas e perde o contato com seu único filho, já formado em medicina.
Em meados de 1831 houve uma terrível epidemia de cólera na Rússia que em julho deste mesmo ano, já estava deixando várias vítimas na Alemanha. Hahnemann não tinha oportunidade de ver e tratar os doentes de cólera, mas estava certo que deveriam ser tratados com Veratrum vir., Arsenicum, Ipecacuanha e Cuprum. Em setembro do mesmo ano indicou em um artigo o uso interior e exterior da Camphora.
Casou-se novamente aos 80 anos com uma francesa de 35, uma dama que nunca se soube ao certo o motivo de sua ida a Köthen em final de 1834 (como enferma sofrendo do pulmão ou pra aconselhar-se sobre sua mãe que sofria de gota), chegando à cidade vestida com roupas de homem. Em 1835, logo após o casamento, mudaram-se para Paris onde obteve autorização para clinicar, apesar da Academia de Medicina encaminhar um documento ao Ministro Guizot para proibir-lhe o exercício da medicina na França. Por influência da nova esposa de Hahnemann, além de sua própria atitude digna, respondeu à Academia: “Trata-se de um sábio de grande mérito. A ciência deve ser de todos! Se a homeopatia é uma quimera ou um sistema sem valor, cairá por si mesma. Se ela é, ao contrário, um progresso, expandir-se-á, apesar de nossas medidas proibitivas, e a Academia deve lembrar-se, antes de tudo, que tem a missão de fazer progredir a ciência e de  encorajar as descobertas”.
Nesta época a Homeopatia já estava bem estabelecida na França, Hahnemann já tinha vários discípulos e seguidores de sua doutrina e continuava ensinando, curando e escrevendo, apesar da idade avançada. Realizou a cura da filha de Ernest Legouvé, membro da Academia Francesa famoso escritor da época, que havia sido pelos mais ilustres médicos alopatas. Em virtude desse fato, foi presenteado com um quadro pintado por Duval,  uma autêntica obra prima, onde escreveu: “Deus a abençoou e salvou, Hahnemann”. Ele considerava a cura uma benção de Deus da qual o médico não seria mais do que um instrumento.
Em abril de 1843 entrou num quadro de bronquite que já o perseguia há tempos e apesar de todo tratamento homeopático a que foi submetido, no dia 2 de julho seu grande espírito partiu. Apesar de seus 88 anos de idade, estava forte, ativo, lúcido e bem disposto, mas provavelmente, chegara o tempo de regressar à “Pátria Espiritual”.


Ele também se dedicou a trabalhos no campo da química e da medicina:
- Na química industrial:
aperfeiçoou vários testes de bromatologia;
- desenvolveu métodos próprios para tintura de tecidos;
- desenvolveu testes de bromatologia para vinhos;
- foi tradutor de obras de química industrial, revia as traduções e descobria erros, desvendando segredos industriais de franceses, ingleses e holandeses.
- Na higiene industrial:
- purificação da água com nitrato de prata;
- desinfecção de feridas com mercúrio (foi ele que desenvolveu o mercúrio cromo);
- descreveu os sintomas de sufocamento e intoxicação nas minas de prata, cobre, cobalto;
- descobriu que a tintura vermelha para roupas envenenava as pessoas que a manuseavam com cobalto;
- descobriu que havia envenenamento por chumbo nas pessoas que trabalhavam  na fabricação de panelas e vidro;
- descobriu que havia intoxicação entre as pessoas que usavam carvão mineral para a calefação.

- Na farmacologia:
- combatia o uso do arsênico como antitérmico;
- preparava um antitérmico a partir da casca do salgueiro.


HOMEOPATIA NO BRASIL

Em 1840, um discípulo francês, Benoit-Julles Mure, vem para o Rio de Janeiro onde inicia a pratica e a propagação da homeopatia. Seu 1º discípulo no Brasil foi o médico português João Vicente Martins, que propagou a homeopatia no norte e nordeste brasileiro.Em 1843 foi fundado o Instituto Homeopático do Brasil.
Rapidamente se propagou no Brasil  e no final do século passado foi abraçada por médicos do Instituto Militar de Engenharia, no Rio de Janeiro. Com isso, o governo republicano reconheceu o seu ensino e a sua pratica, criando enfermarias no Hospital da Marinha, no começo deste século. Também aparecem grandes nomes ligados à homeopatia, como Monteiro Lobato e Rui Barbosa.
Por volta de 1851, a escola Homeopática do Brasil, sob forte pressão dos farmacêuticos, resolve aprovar a separação da prática médica da prática farmacêutica, que mesmo assim, ainda permitia a manipulação de medicamentos homeopáticos por proprietários leigos. Somente em 1886, com o Decreto 9.554, surgiu uma lei que dava o direito de manipulação apenas aos farmacêuticos.
No final da década de 20, a homeopatia inicia seu declínio, talvez devido ao advento da nova terapêutica química na medicina, as sulfas e antibióticos, visto que os médicos desta época tinham um pensamento positivista e não vitalista-animista como os homeopatas. Nos anos 60, praticamente já não existe mais a homeopatia, restando uns poucos abnegados, principalmente no Rio e em São Paulo.  
A partir de 1965 foram surgiram leis específicas para a farmácia homeopática e por meio do Decreto nº 78.841, foi aprovada a parte geral da 1ª edição da Farmacopéia Homeopática Brasileira.
A Homeopatia só foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina em 1980, com a Resolução nº 1000/80 e em 1990 passou a constar do Conselho de Especialidades Médicas da Associação Médica Brasileira, deixando de fazer parte das terapias alternativas.
Em 19 de agosto de 1997, de acordo com a Portaria nº 1.180, foi aprovada a Parte I da 2ª edição da Farmacopéia Homeopática Brasileira.






Alzheimer



Madri - Uma equipe liderada por pesquisadores do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) da Espanha descobriu que os astrócitos, as células mais presentes no cérebro, têm papel chave no desenvolvimento do mal de Alzheimer.

Até agora se sabia que a inflamação do cérebro associada à doença se desencadeia pela ação das células microgliócitas, encarregadas da defesa do sistema nervoso central.

Esta pesquisa determinou, no entanto, que os astrócitos, responsáveis pela sustentação e nutrição dos neurônios,  interferem ativamente na formação do Alzheimer porque nele transcorre "uma fase essencial" do processo inflamatório.

Por meio de técnicas de engenharia genética, os cientistas reproduziram a doença em ratos e observaram como ocorre a inflamação, um processo relacionado à produção de um tipo de proteína citotóxica - denominada citoquina -, que acaba sendo prejudicial para o cérebro no longo prazo.

"Se não há inflamação nos astrócitos, a doença não se desenvolve", explica Ignacio Torres Alemán, pesquisador do CSIC do Instituto Cajal e diretor do estudo, publicado no último número da revista "Molecular Psychiatry".

"Atualmente acredita-se que seu papel é mais importante e que incidem diretamente na função cerebral. Sua influência nas doenças neurodegenerativas está ganhando relevância. Nossas observações sustentam este papel central", diz o pesquisador.

O trabalho abre caminho para desenvolver tratamentos que consigam atacar a doença, já que os especialistas confirmam a presença destes mesmos processos em cérebros humanos.

"Os antiinflamatórios foram testados em doentes sem efeitos positivos. A razão não está clara, mas agora sabemos que os remédios devem lutar seletivamente contra a inflamação destas células", destaca Torres Alemán

Metabolismo da Glicose

Glicose
É uma importante fonte de energia. Em mamíferos é a única fonte de energia que o cérebro utiliza em condições de jejúm prolongado. A glicose é um açucar derivado dos carboidratos extraido dos nutrientes. São Hidratos de carbonos formado por 6 carbonos com um grupo aldeído em sua extremidade do C1. A glicose apresenta forma aberta e fechada o tempo todo. Chamamos esse fenômeno de mutarrotação. Quando fechada seu C1 se liga ao C5 formando um anel hexose.
O metabolismo da Glicose que promove energia pra formar ATP, é chamado de via catabólica degradação de moléculas mais complexas para formar moléculas precursora menores, como produto final Oxoloacetato, liberação de energia pra formar ATP, H2O, prótons, elétrons, CO2 e calor que aquecer o corpo. 

Glicólise acontece pela via anaeróbica no citoplasma das células sem a participação de O2. 
O Ciclo do ácido cítrico e cadeia transportadora de elétrons etapas seguintes acontece no interior da mitocôndria com a participação de O2 chamamos de via aeróbica. 
Via aneróbica acontece no citoplasma inicia com a glicose até formar piruvato e lactato. O restante da degradação da glicose acontece no interior da mitocôndria com a participação de O2 no ciclo de ácidro cítrico ou ciclo de klebs e depois  na membrana interna da mitocôndria a cadeia transportadora de elétrons.
O armazenamento da glicose no corpo acontece no fígado e músculos. 
O glicogênio cadeia de glicose são monossacarídeos ligados por ligações glicossídicas formando polissacarídeos cada ligação libera H2O pra célula. Esse processo são anabólicos ou seja armazenamento de energia. A degradação do glicogênio acontece quando níveis glicêmicos estão baixo no sangue devendo então romper essa cadeia do glicogênio para liberar glicose que é energia armazenada para nutrir o cérebro, órgãos e músculos quando a jejum prolongado. O músculo começa a degradar o glicogênio quando as atividades são intensas. O pâncreas verifica a quantidade de glicose no sangue e libera glucagon hormônio que se conecta a receptores das membranas das células hepáticas e epinefrina hormônios das células musculares ambos são hormônios que ativam uma cascata de sinais intracelular ativando enzimas pra degradação do glicogênio e logo em seguida a degradação da glicose.

Degradação da glicose para formar energia e calor.
1° etapa da glicólise acontece no citoplasma da célula.
Primeiramente a Glicose livre recebe um grupo fosfato no seu C6 derivado da ATP. A ATP se liga a OH do C6 da glicose que libera seu H+ e recebe então o grupo fosfato da ATP. Essa etapa é muito importante pois o grupo fosfato ligado no C6 da Glicose livre fará com que ela não sai do citoplasma permanecendo dentro da célula para etapas seguintes da reação. Foi preciso um gasto da ATP para formar glicose 6 fosfato processo então catabólico. Essa primeira reação acontece com a participação da ATP em presença de iontes metálicos como Mn2+ e Mg2+ ambos bivalentes. Responsável por essa reação é enzima ativadora catalizadora Hexocinase ou glicocinase. As cinases acontece quando tem iontes metálicos bivalentes presentes  e  transferência de grupo fosfato para formação de novas moléculas. 
ATP(adenosina tri fosfato) ADP(adenosina di fosfato)
1° estágio dessa via anabólica precisa de energia pra formar um açucar mais complexo
Glicose + ATP----> glicose6-fosfato + ADP + H+ Glicose 6-fosfato tem que formar frutose 6 fosfato.
Lembrando que a glicose é formada de grupo aldeído no seu carbono primário! Pois bem... por isso a glicose é uma aldose. Açúcar mais aldeído hehehe. 
Para formar uma frutose que é uma cetose açucar com um grupo cetona em seu carbono secundário.
O Oxigênio do grupo aldeído ligado por uma dupla ligação no C1 C1  é muito elétronegativo atraindo o H da OH do C2 formando  no C1 uma hidroxila, e C2 o O2 da hidroxila que restou faz uma dupla ligação com o C2 liberando outro H que estava na ligação com do C2. C1 e C2 terá que ter uma dupla ligação entre si pra formar 4 ligações ao total.
Agora formada a cetose então teremos a frutose 6 fosfato. Essa reação é ativada pela enzima fosfoglicose isomerase. Essa reação é reversível, sendo revertida novamente a glicose 6 fosfato. Basta a cetose virar novamente uma aldose com seu O2 formando uma dupla ligação em C2 pro C1.
A frutose em sua forma fechada forma um anel pentagonal. Seu O2 do carbono 2 se liga ao C5 da cadeia formando um anel pentagonal.
A frutose 6 fosfato agora sofre uma reação catalizada pela enzima fosfofrutocinase para formar frutose 1,6 bisfosfato, novamente um fosfato entrará na brincadeira no C1 quem doa esse fosfato é a ATP na presença de iontes lembra de cinase que é reação de fosforilação de uma molécula pra outra na presença de iontes? Frutose 6 fosfato recebe da ATP um fosfato no seu C1 liberando do C1 o H+ então sai da reação um H+ e ADP.
Frutose 6 fosfato + ATP ativada pela enzima fosfofrutocinase forma ---->frutose1, 6 bisfosfato + ADP +  H+.
Essa enzima fosfofrutocinase é aloestérica ela quem controla a velocidade da reação, ela execulta um papel central nesse metabolismo. "Etapa irreversível"
1° estágio da via é um processo anabólico, ou seja não liberou energia, mas sim foi preciso energia pra formar ligações e aumentar a molécula de glicose.
2° estágio da via glicólise.
A frutose 1,6 bisfosfato sofre uma reação ativada pela enzima aldolase que tem como objetivo cortar ao meio essa hexose em duas trioses.  formando então as trioses  Di-hidroxiacetona fosfato e a outra gliceraldeído 3 fosfato. Cada triose formada sofrerá uma reação uma de cada vez pela enzima triose fosfato isomerase que tem como finalidade reverter o  Di-hidroxiacetona fosfato em gliceraldeído 3 fosfato essa reação é reversível. Somente quando estiver em estado de gliceraldeído 3 fosfato essa triose poderá participar de mais etapas da via. 
3° estágio da via glicólise.
Gliceraldeído 3- fosfato sofre reação pela enzima gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase, para formar a 1,3 bisfosfoglicerato.
Gliceraldeído 3 fosfato  +  NAD+   +  Pi -----> forma 1,3 bisfosfoglicerato + NADH.
Gliceraldeído 3 fosfato ganha um Pi fosforo inorgânico e libera esse H+ que estava no C1 para o NAD+ que se reduz ao ganhar esse H+ em NADH. Produto final dessa reação é o 1,3 bisfosfoglicerato.
1,3 bisfosfato glicerato agora sofre uma reação pela enzima catalizadora fosfoglicerato cinase. A concentração de energia desse substrato 1,3 bisfosfato glicerato é tão potente de energia que ele próprio empresta um grupo fosfato dele a uma molécula de ADP formando ATP. Esse processo que libera energia é chamdo de etapa catábólica quebra de ligação diminuindo a molécula e liberando energia. Graças a liberação de energia pra formar ATP a 1,3 bisfosfatoglicerato se transforma em 3-fosfoglicerato. Etapa reversível.
1,3 bisfosfoglicerato + ADP ----> forma 3- fosfoglicerato + ATP.
3-fosfoglicerato agora sofre reação da enzima fosfoglicerato mutase, onde seu fosfato muda do C3 para o C2 etapa essa reversível.  2- fosfoglicerato sofre reação pela enzima ativadora enolase que desidrata essa molécula liberando uma molécula de H2O. É removida então uma OH do C3 e um H do C2 formando uma molécula de H2O, e formando um ligação dupla entre o C2 e C3 formando o fosfoenolpiruvato.
2-fosfoglicerato  + enzima enolase ----> fosfoenolpiruvato + H2O
Fosfoenolpiruvato sofre reação da enzima piruvato cinase para transferir seu grupo fostato para ADP que entrará na reação pra gerar ATP. Esse substrato  tem concentração de energia que é liberada quando o grupo fosfato é doado para ADP pra formar ATP e molécula de piruvato. Processo catabólico.
Fosfoenolpiruvato + ADP forma ---> Piruvato + ATP
Lembrando que esse 3° estágio da via é contado 2 x o Di-hidroxicetona aquela triose formada no 2° estágio da via se transforma também em 3-gliceraldeído fosfato. Essa 2 trioses são degradadas uma de cada vez pela via como acontece em fila idiana uma de cada vez.
Saldo de energia pra gerar ATP no citossol etapa da glicólise contamos 1 NADH que equivale a 2,5 ATP +2 ATP  que se forma nessa via. Não esquecendo que esse processo acontece 2 vezes na transformação do 3- gliceraldeído fosfato. então temos 2 NADH e 4 moléculas de ATP.
OBS:NADH equivale a 2,5 ATP então são 5 e mais 4 ATP formado. Saldo então  de energia de 9 ATP na glicólise em meio anaeróbico ocorrido no citoplasma.
O restante do metabolismo  acontecerá no interior da mitocôndria.
Ciclo do Ácido cítrico ou Ciclo de klebs
2° estágio do metabolismo da glicose acontece no interior da mitocôndria com a participação de O2. Via aeróbica. Na matriz mitocondrial, o piruvato molécula formada a partir da glicose entra na mitocôndria sofrendo uma reção através da enzima desidrogenase formando acetil-CoA. Esta reação irreversível é o elo entre a glicose e o ciclo do ácido cítrico. Esta reação libera uma molécula de CO2 Piruvato + CoA + NAD+  forma ----> acetil Coa + CO2 + NADH + H+   Obs: saldo de um NADH , sendo que entrará na mitocôndria mais um piruvato lembra??? então são 2 NADH que se forma nessa reação.  2 NADH equivale a 5 energia de ATP.
O Ciclo do Ácido cítrico ou Ciclo de klebs começa através da enzima catalizadora citrato cintase promovendo a condensação de unidade de 4 carbonos do oxaloacetato, com mais unidade de dois carbonos da acetila do acetil CoA. O oxalacetato reage com acetilCoA e H2O, originando citrato e CoA. O oxaloacetato primeiramente reage com o Acetil Coa formando citril CoA, uma molécula rica em energia devido a sua ligação tioéster originária do acetil CoA . A hidrólise na citril CoA cliva a ligação tioéster liberando o grupo CoA. Então é formado o citrato.
Oxaloacetato + Acetil Coa forma citril Coa que sofre um hidrólise rompendo a ligação tioéster e liberando a Coa, Oque fica ligado então ao oxaleacetato é a acetila do acetil CoA que tem como produto final o citrato. Essa etapa é a mais lenta ou seja a etapa mais importante.
Oxaloacetato= 4 carbonos ---> Acetil= 2 carbonos produto final citrato com 6 carbonos.
Citrato contendo 6 carbonos, sofre uma reção pela enzima aconitase para se transformar em isocitrato. 
A hidroxila do citrato está mal localizada para essa descarboxilação para eleminar o CO2 em etapas futuras. Assim o citrato é isomerizado a isocitrato para sofrer descarboxilação oxidativa o citrato é acoplado a uma proteína que contém ferro-enxofre, esse acoplamento ativa a desidratação ou seja perda de uma molécula de água formando então o Cis- Aconinato que depois é hidratado novamente recebendo H2O e  formando o isocitrato. O que acontece nessa desidratação e hidratação é a hidroxila do C3 se liga no C2 quando transformado em isocitrato.
A isocitrato com 6 carbonos sofre uma reação da enzima isocitrato desidrogenase que ativa o NAD+ que rouba H do isocitrato formando NADH  + próton H+ livre  + CO2. É formado então nessa reação o Alfa-cetoglutarato.
isocitrato + NAD+ forma ---> alfa-cetoglutarato +NADH   +  CO2 e H + Alfa-cetoglutarato tem 5 carbono ativado pela enzima complexo alfa cetoglutarato desidrogenase ativa a NAD+  e CoA de participar da reação. Esse processo é a descarboxilação oxidativa para formar Succinil CoA e liberar CO2 + NADH Quando a CoA se liga ao alfa-cetoglutarato ela forma uma ligação tioéster com a CoA que tem alto potencial de transferência.
A succinil CoA  tem 4 carbonos é um tioéster rico em energia. A enzima responsável pela reação é succinil CoA sintetase que ativa o succinil CoA + Pi + GDP  formando  Succinato + GTP + CoA.
GDP + Pi forma GTP que é igual a uma energia de ATP. GTP = 1 contando o ciclo da glicose completa formará 2 GTP
A succinato com 4 carbonos sofre uma reação com a enzima catalizadora succinato desidrogenase oxidando o succinato para formar o fumarato. O aceptador de H+ nessa etapa é o FAD em vez do NAD+
Succinato + FAD ----> remove 2 H do succinato e forma fumarato +  FADH2.  FAD nas reações de desidrogenação aceita 2 H.
FADH2 vale 1,5 ATP. Como contaremos 2 FADH2 no ciclo então equivale a 3 energia de ATP.
Fumarato sofre reação da enzima fumarase que catalisa uma reação de hidratação trans de H+ e outra OH- formando L- malato.
Finalmente o malato é oxidado formando oxaloacetato. 
Malato sofre uma reação do malato    desidrogenase aceptor de H+ é o NAD+ nesta reção e pass a ser NADH.